17 de maio de 2011

Os times cariocas e os quatro elementos, ou ainda, uma justificativa filosófica para torcer pelo Botafogo



Por que ser botafoguense? Existira alguma razão filosófica para isso? Vamos comparar os quatros grande times do Rio de Janeiro e interpreta-los como tipos de existir, modos de pensar e interpretar a vida, comparando-os aos quatro elementos: terra, água, ar e fogo. O Vasco tem méritos, foi o primeiro clube que aceitou jogadores negros e se sagrou campeão na ocasião; mas simboliza o colonizador que invadiu terras de Tupinambás, Tupis, Tapuias, Caraíbas, Araubes e tantos outros, fomentou o comércio com os ingleses que seqüestravam africanos, explorando-os com o consentimento da Igreja Católica. O Fluminense representa a elite, pintavam negros com pó-de-arroz, representando, sem dúvida, a burguesia, a playboizada, a elite egoísta que não pensa no povo e colhe toda sorte de efeitos colaterais de sua exploração. O Flamengo indica a massa, a maioria; mas, como diria Nelson Rodrigues: “toda unanimidade é burra” . Ou seja, a maioria age como um bando, como um cardume, sem singularidade, todos fazem o mesmo e agem sem a autonomia. O Botafogo simboliza outra coisa, a estrela solitária, parafraseando Nietzsche, indica um brilho dançarino no infinito. O Botafogo nos remete ao que existe de mais singular, a autonomia, a opinião própria, a possibilidade de afirmar o que existe de mais íntimo em cada ser. O Botafogo não é a maioria (poucos são os gênios, mulheres e homens autênticos), não é elite e não é colonizador. O Botafogo é filho da Glória, a supertição botafoguense remete ao caráter mágico da vida e ao mistério de estarmos vivos. Em linhas gerais, o filósofo Heráclito de Éfeso afirmava que o fogo é a essência e o princípio da realidade. Uma comparação aos quatro elementos poderia, segundo minha interpretação definir o Flamengo, tal como diz o hino: “... vê-lo brilhar, seja na terra, seja no mar”, como o elemento água – emoção, sentimento e tudo que se dá através desse elemento. O excesso de sentimentalismo revela a ausência de um parafuso, isto é, remete à loucura (no pior sentido do termo). O Vasco, gigante da colina, não poderia indicar outro elemento que não fosse a terra, pé no chão, o time revelaria a observação da realidade. O excesso de realidade, de pé no chão revela a caretice, a chatice e toda sorte de neuroses e doenças que acometem a alma. O Fluminense remete ao elemento ar. Clube de sonhadores, toda a nossa elite que sonha, devaneia e diz que “fascina pela sua disciplina” . A disciplina pode indicar uma submissão, uma ausência da necessária insurgência que torna a vida mais bela. Mas, como já foi dito, o Botafogo é o fogo. O Botafogo é a luminosidade de uma estrela, o calor necessário à vida e, sobretudo, a possibilidade de inventar a vida, de engendrar outros caminhos, o Botafogo é corpo e alma harmonizados e aptos para tornar a vida mais intensa. 

Nenhum comentário: